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Definição

“Qualquer processo biológico que busque a redução dos impactos negativos de xenobióticos ao metabolismo corporal”

Xenobióticos → podem ter origem exógena e endógenas (produzidas dentro do organismo). Por exemplo: plásticos, inseticidas, produtos de limpeza, pesticidas, fármacos, alimentos, poluentes, agrotóxicos, metais pesados, poluentes ambientais dentre outros.

Estamos em contato diário com vários xenobióticos, porém nosso organismo tem a capacidade de reconhecer essas substancias e através de enzimas que são capazes de reconhecer os grupamentos químicos específicos das mesmas, eliminá-las.

Essa é uma função natural do organismo a acontece 24h por dia, em todas as nossas células, principalmente nas células hepáticas (60%) e intestinais (20%), porem para que aconteça de forma eficiente, o organismo também precisa receber naturalmente os nutrientes e compostos bioativos necessários a todas as fases envolvidas nesse processo.

Qual o objetivo da destoxificação?

Transformar as substancias lipossolúveis em hidrossolúveis para que possam ser excretadas. Como a maior parte dos compostos tóxicos é lipossolúvel, podem ser armazenados no tecido adiposo e em todas as membranas celulares e podem acontecer no tecido adiposo, conjuntivo, intersticial e na matriz celular.

É essencial manter o sistema de destoxificação ativo, para que isso aconteça é necessário manter uma alimentação equilibrada e individualizada que irá fornecer todos os nutrientes necessários para essa função.

Como acontece?

Acontece em 3 fases:

Fase I – Hepática e Intestinal

Transforma substancias lipossolúveis em hidrossolúveis para serem conjugadas a outras substancias (fase II) e serem eliminadas do organismo. As reações da fase I são mediadas pelo sistema Citocromo 450, um complexo de enzimas oxiredutases, sendo que cada enzima atua sobre grupos diferentes de substâncias, dependendo da sua função química.

Reações da fase I: oxidação, desidrogenação, hidroxilação, redução e hidrolise.

Nestas reações da fase I sempre ocorrera a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e metabólitos ativos intermediários, muitos dos quais cancerígenos que só passam a ser mutagênicos nesta situação.

As substancias intermediarias geradas podem propiciar um maior ataque ao DNA, RNA, proteínas, lipídios e todas as estruturas celulares.

É importante nessa fase a presença de antioxidantes (nutrientes e fotoquímicos) para neutralizar as EROs e de nutrientes e fotoquímicos estimulantes da fase II para eliminar os xenobióticos.

Nutrientes envolvidos na Fase I

Nutrientes com ação como cofatores para as enzimas, fundamentais para dar suporte à fase I (Citocromo P450)

  • Vitaminas B1, B2, B3, B5, B12, folato (complexo B)
  • Vitamina C
  • Minerais magnésio, molibdênio, ferro e enxofre

Auxiliares para demais reações:

  • Fosfolipídios
  • Glutationa
  • Aminoácidos de cadeia ramificada
  • flavonoides

Suporte nutricional para neutralizar os intermediários reativos da fase I (radicais livres e substancias mutagênicas):

  • Carotenoides
  • Bioflavonoides e compostos fenólicos
  • Vitaminas A, E e C
  • Selênio, cobre, zinco e manganês
  • Coenzima Q10
  • Glutationa
  • Compostos enxofrados
  • Silimarina

Fase II – Hepática e intestinal

As reações de fase II são mediadas pelas enzimas transferases que fazem conjugação com substancias que tornam os produtos resultantes da fase I excretáveis por via urinaria e/ou biliar, principalmente.

Reações da fase II com os xenobióticos a serem eliminados: sulfatação, metilação, acilação, glucoronidação, acetilação e conjugação com glutationa.

Nutrientes envolvidos na Fase II

Substratos necessários para as reações de conjugação:

  • Sulfato
  • Glutamina, taurina, glicina
  • SAME
  • Ácido glicurônico
  • Acetil CoA
  • Conjugação com glutationa

Cofatores e substratos necessários para a fase II

  • Serina
  • Colina
  • Betaina
  • Magnésio
  • Zinco
  • Vitamina B5, B6, B2 e folato, metilcobalamina (complexo B)
  • Sulfato
  • Glutationa
  • Metionina
  • Glutamina, taurina, glicina
  • Fosforo, selênio, molibdênio
  • Vitaminas C, B2,
  • Ácido glicurônico

Fase III – grande concentração no intestino, mas também no fígado, túbulos renais, cérebro…

O xenobiótico é bombeado contra sua absorção, de dentro para fora da célula, por um transportador transmembrana, eliminando-o.

Desequilíbrios em qualquer uma dessas fases pode desencadear distúrbios de destoxificação como a inibição de enzimas relacionadas a esses processos.

Quais os fatores importantes para a eficiência da destoxificação do organismo?

Nutrição e energia adequada são fundamentais para promover o processo de destoxificação:

  • Os cofatores precisam ser repostos (ingeridos) todos os dias
  • A energia deve ser adequada para fornecer ATP para realizar todas essas funções

Fatores nutricionais como carência de nutrientes necessários a essas funções podem comprometer a eficiência da destoxificação, pois sem matéria prima adequada as reações de fase I e II ficam totalmente comprometidas.

Portanto, nutrição adequada é fundamental para dar suporte à destoxificação.

Conhecendo todo o esse processo, a ideia de que sucos detox e jejum possam destoxificar o organismo fica sem fundamento. Uma alimentação equilibrada e saudável baseada em alimentos integrais, frutas, legumes, vegetais e leguminosas é fundamental para manter esse equilíbrio.

 

Fonte: CARREIRO Denise Madi, PEREIRA Murilo
Semiologia na pratica clinica nutricional
2° edição São Paulo, SP, 2021

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